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Unidade 3


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Introdução

É importante considerar a produção literária realizada há cerca de dois séculos, a qual, apesar de distante do nosso cotidiano, mostra-se presente e perceptível nas artes barroca e árcade. Diante disso, nesta unidade, trataremos do Romantismo no Brasil, assim, você notará uma maior proximidade ou, pelo menos, facilidade de compreensão.

Esse movimento literário caracterizou-se por vários aspectos e gerações, mas o objetivo maior de seus escritores foi a luta pela construção de uma identidade nacional, cultural e literária, da nação que acabava de se tornar independente de Portugal. Assim, distribuímos os conteúdos para que você entenda esse importante e amplo movimento literário como um todo em suas várias formas.

Inicialmente apresentaremos considerações sobre o Romantismo europeu e sobre sua linguagem literária, já que muitos dos nossos escritores dessa época foram influenciados por essa manifestação artística. Em seguida, passaremos para as particularidades desse movimento no Brasil.

Apresentaremos, caracterizaremos e exemplificaremos, a partir dos respectivos poetas e obras, as três gerações da poesia romântica: a nacionalista, a byronista ou ultrarromântica e a condoreira. Depois, nos estenderemos para a prosa romântica, levantando seus principais aspectos. Também caracterizaremos e exemplificaremos o romance indianista, regionalista e urbano desse período, dando maior destaque para a importância dos romances de José de Alencar na composição de uma literatura nacional. Os demais romancistas também serão apresentados, assim como suas respectivas obras e, por último, passaremos pelo teatro, com destaque para o escritor Martins Pena.

Vamos conhecer um pouco mais do ambiente romântico do século XIX?

Romantismo

O Romantismo foi o movimento literário, que caracterizou a burguesia em ascensão pós-revolução francesa. Suas manifestações surgiram principalmente na Alemanha e nos Estados Unidos.

Uma das peculiaridades dos movimentos literários é justamente um surgimento que se propunha como se opondo aos ideais perpetuados anteriormente. Sendo assim, o Romantismo se apresentou como uma nova concepção de vida, de mundo e de liberdade artística, que representasse os anseios da burguesia, um público leitor que emergia da classe média. Tratou-se de um movimento que se opôs aos ideais classicistas de racionalismo cartesiano reforçado, por muitas décadas, pelo Iluminismo e pelo Renascimento europeu. Em contrapartida, o indivíduo passou a ser o centro das atenções, no que concerne a toda interpretação subjetiva da realidade, da imaginação e dos sentimentos de cada homem. Partindo do núcleo norteador de liberdade artística desse movimento, pautada no indivíduo, as manifestações românticas se eclodiram pela Europa e América, adaptando-se às peculiaridades regionais. O eu romântico, por não ser capaz de resolver os conflitos com a sociedade, lança-se à evasão. “A natureza romântica é expressiva. Ao contrário da natureza árcade, decorativa. Ela significa e revela. Prefere-se a noite ao dia” (BOSI, 2012, p.97, grifos do autor) porque “é na treva que latejam as forças inconscientes da alma: o sonho, a imaginação” (Idem).

O Romantismo se manifesta como um movimento artístico e filosófico que aparece no fim do século XIII e no começo do século XIX. Essa nova estética e ideais que é trazida é uma reação à estética e a filosofia iluminista, a qual embasou o Neoclassicismo, movimento anterior à era romântica [...] No Brasil, o Romanticismo não chegou e se consolidou de forma direta. Antes da era romântica o nosso país passou por um período de transição: O Pré-romantismo (FERREIRA, 2012, p. 3).

O romance surgiu no movimento romântico com grande força e se apresentou como a expressão da burguesia, a classe social em ascensão na época. Se o Arcadismo se limitou a retomar os modelos clássicos e eliminar os “exageros” do Barroco, com mudanças visíveis quanto à temática e forma, o Romantismo se empenhou em criar uma linguagem nova, que se identificava com os padrões da classe média burguesa e não com a aristocracia. Dessa forma, a arte romântica elimina toda presença da tradição clássica em seus textos e se volta para os assuntos de seu tempo, como os conturbados contextos sociais, políticos e revolucionários, além do cotidiano do homem burguês do século XIX. Também se mostrou mais voltada para os valores espirituais, em oposição ao materialismo e os ideais iluministas dos árcades.

O Romantismo representou um verdadeiro rompimento com a expressão cultural e artística anterior, deixando transparecer as transformações, incertezas e lutas da época em seus aspectos contraditórios. Esse rompimento e nova maneira de “ver” a arte literária serviu de base para as manifestações posteriores. Por exemplo, na espontaneidade dos sentimentos, interesse pelo muito concreto e problemas próximos, valorização do “eu” e respeito pelas tradições populares.

Aspectos da Linguagem Literária Romântica

Conforme já comentamos, o Romantismo resultou em uma verdadeira mudança de padrões com relação à maneira de se pensar e de se escrever no início do século XIX. Todas essas modificações estiveram relacionadas com as mudanças no contexto histórico, cultural e ideológico, ou seja, era preciso uma nova literatura que fosse capaz de expressar os anseios dos burgueses. Sendo assim, ao ler as produções literárias desse período, é possível perceber essas mudanças. Dentre os principais aspectos da linguagem literária no período romântico estão:

Sentimentalismo

O tratamento literário do artista romântico com relação a qualquer assunto (político, social, amoroso, cultural etc.) é sempre por meio da emoção, deixando muito aparente os sentimentos de desilusão, saudade e tristeza nos textos.

Egocentrismo

O escritor se volta, em seus textos, na maioria das
vezes, para o próprio “eu”.

Subjetivismo

Os assuntos são tratados de forma pessoal, conforme o que o escritor sente, ou seja, retrata a realidade de maneira parcial, somente pelo seu ponto de vista que é subjetivo.

Religiosidade

Aspecto mais presente nas produções dos primeiros
românticos, com a intenção de se opor ao racionalismo dos árcades. Depois, o tratamento da religiosidade nos textos românticos passou a ser apresentado a partir do enfoque na vida espiritual como refúgio para as frustrações cotidianas. Mas também de questionamentos que se voltaram, na literatura, para o embate entre as leis da Igreja e as do coração.

Idealização

A subjetividade e o sentimentalismo são supervalorizados e são trabalhados nos textos com maior foco para a fantasia e imaginação, com uma linguagem repleta de comparações e metáforas.
A idealização de muitos temas literários desse período faz com que sejam tratados não como são na realidade, mas como deveriam ser em um mundo ideal.

Medievalismo

Os românticos se interessaram pela escrita das origens do próprio país, da sua língua e de seu povo. Então, na Europa foi muito frequente a referência ao mundo medieval, ao período das cavalarias. Já, na América do Sul, o índio é essa referência de origem
na literatura.

Indianismo

Conforme veremos posteriormente, o interesse por retratar o índio na literatura brasileira romântica foi muito presente. Isso aconteceu de duas maneiras: como uma figura que se opôs ao colonizador e assumindo o ideal do “bom selvagem”, de Rousseau.
Apesar de o indianismo ter feito parte de um projeto nacionalista do Romantismo no Brasil, tratou de um aspecto com maior presença entre os primeiros românticos como na poesia de Gonçalves Dias e nos
romances de José de Alencar.

Byronismo

Trata-se de um jeito particular de ver o mundo que se baseia na vida boêmia, frequentemente noturna, com muitos vícios em busca de prazer incontido na bebida, no fumo e no sexo, ou seja, uma forma egocêntrica, angustiada e pessimista de ver o mundo. Esse “estilo de vida” chegou aos escritores do Romantismo brasileiro por meio do poeta inglês Lord Byron, e por isso ficou conhecido como “byronismo”.

Condoreirismo

Sob influência do escritor francês Victor Hugo e dos
ideais de justiça e liberdade social, o condoreirismo foi uma corrente de poesia com caráter político-social que se firmou também no Brasil. Em nossas terras, lutavam pela república e pelo fim da escravidão.

● Idealização da mulher e do amor;
● Saudosismo;
● Preferência por versos com métricas populares;
● Liberdade formal e irregularidade nas estrofes dos poemas;
● Sintaxe e vocabulário mais simples;
● Uso frequente de figuras de linguagem como a metáfora e comparação.

Particularidades do Romantismo no Brasil

O movimento romântico no Brasil se difundiu e obteve maior expansão poucos anos após a Independência política. Como se pode imaginar, a vida da população brasileira passou por uma mudança radical, pois, com a independência dos colonizadores, era preciso se “constituir” como uma nação desvinculada de Portugal. Por isso que os primeiros escritores, do Romantismo no Brasil, empenharam-se em traçar um perfil cultural de nosso país em vários aspectos: nas tradições, na língua, na etnia, na religiosidade, nas diferenças folclóricas e regionais, ou seja, foi com esse objetivo que se sustentou e se destacou o nacionalismo em nossas terras. Então, apesar de se basear na maioria dos princípios desse movimento literário de origem europeia como o idealismo, o sentimentalismo e a subjetividade, por exemplo, os escritores brasileiros desenvolveram algumas particularidades no desenvolvimento do Romantismo no Brasil. Essas particularidades se relacionam com o ideal e a necessidade de se construir uma identidade nacional e artística, consequentemente, de se diferenciar do modelo pronto.

O sentimento nacionalista que surgiu com o Romantismo manifestou-se como uma tentativa de minimizar a influência europeia e criar um processo de abrasileiramento. Autores, como José de Alencar, voltaram seus discursos para a valorização dos símbolos nacionais, entre eles a natureza e o índio, fazendo deste um mito, ainda que utópico (FERREIRA,  OLIVEIRA, s/d, p. 3).

Conforme já vimos anteriormente, o nacionalismo se firmou como a máxima expressão dessa luta, em busca da criação da identidade brasileira, pelos escritores da época. Trata-se de um conjunto amplo de ideias que foram adquirindo “feições” específicas. Por exemplo: o indianismo, o regionalismo, a crítica aos problemas nacionais, a pesquisa folclórica e histórica, todos visando a construção de uma identidade nacional.

Assim, entre aspectos gerais da linguagem romântica, destacava-se a busca pelas próprias características literárias, conforme afirmam os críticos:

Com o subjetivismo, as suas cogitações morais, a sua religiosidade, ou com a interpretação do ser individual, cultivamos a visão total da nacionalidade, da nossa paisagem física e social, da nossa sensibilidade, valores e tradições, das lutas sociais e políticas do momento. E assim, ao mesmo tempo em que se faz acentuadamente nacional, pelos temas e pelo estilo, o romantismo no Brasil, progressivamente, também se preocupa com o sentido da sua universalidade (CANDIDO; CASTELLO, 1974, p. 215).

O Romantismo se firmou em nossas terras com produções em todos os gêneros literários, conforme podemos observar no Quadro 3.1, a seguir, juntamente com alguns dos escritores do período e exemplos de suas respectivas produções. Selecionamos apenas alguns exemplos de poemas ou produções que obtiveram maior destaque, para que a lista não ficasse enorme. Vejamos:

  ALGUNS ESCRITORES EXEMPLOS
LÍRICA Gonçalves de Magalhães Gonçalves Dias Álvares de Azevedo Castro Alves Casimiro de Abreu  Fagundes Varela Junqueira Freire Sousândrade [...] Suspiros poéticos e saudades “Canção do exílio” Lira dos Vinte anos Espumas Flutuantes “Meus oito anos” “Cântico do calvário” “Morte” Harpas selvagens
ÉPICA Gonçalves Dias Castro Alves I – Juca – Pirama Navio Negreiro
ROMANCE José de Alencar Joaquim Manuel de Macedo  Bernardo Guimarães Visconde de Taunay Franklin Távora  [...] Iracema; Senhora; A Moreninha; O Seminarista Inocência “Cântico do Calvário”
CONTO Álvares de Azevedo Noite na Taverna
TEATRO Martins Pena José de Alencar Álvares de Azevedo   [...] O Judas em sábado de aleluia “O Demônio familiar” Macário
 

Quadro 3.1 - Alguns exemplos da produção literária romântica brasileira
Fonte: Adaptado de Cereja e Magalhães (1995, p. 50).

A seguir veremos as três gerações da poesia romântica e suas principais características.

As Gerações da Poesia Romântica

A poesia romântica no Brasil se constituiu por três gerações distintas, com aspectos individuais, mas que, vista em seu conjunto de produções, é possível perceber, apesar de serem três maneiras diferentes de se escrever poesia dentro de um mesmo período literário, que todas colaboram, cada uma com sua forma, para o projeto de construção de uma identidade cultural e literária de nosso país. Vejamos, então, os principais ideais dessas correntes, os autores e produções de destaque:

Nacionalismo (ou Indianismo)

Os poetas, que fizeram parte dessa primeira geração da poesia romântica, apresentaram textos voltados principalmente para as características de uma literatura própria do Brasil, tratando de aspectos que envolviam a cultura e comportamento indígena para, assim, apresentar uma literatura peculiar.

Dentre os principais escritores deste período na poesia estão:

  • Gonçalves de Magalhães (Rio de Janeiro –1831/1882 – Roma)

Fundou a Revista literária Niterói, considerada um dos marcos do início do Romantismo no Brasil e publicou a obra poética Suspiros poéticos e saudades (1836), considerada a primeira produção literária do nosso movimento romântico. Para Candido (2006, p. 89),

Os jovens românticos da Niterói são em primeiro lugar patriotas que desejam complementar a Independência no plano estético; e como os moldes românticos previam tanto o sentimento de segregação quanto o de missão – que o compensa – o escritor pôde apresentar-se ao leitor como militante inspirado da ideia nacional.

A obra apresenta, em seu Prólogo, o anúncio de uma mudança profunda na literatura que envolvia os ideais nacionalistas, os temas religiosos, o sentimentalismo, a oposição das formas clássicas e dos temas mitológicos. Também escreveu o poema épico Confederação dos Tamoios (1856), que trata da rebelião dos indígenas contra os colonizadores entre 1554 e 1567. O poema defende os índios como sendo defensores de suas terras, o que resultaria posteriormente (com a independência política) em um forte sentimento nacionalista. Observemos um trecho do poema que marcou o início do Romantismo no Brasil:

Redobrando de força, qual redobra
A rapidez do corpo gravitante,
Vai discorrendo, e achando em seu arcanos
Novas respostas às razões ouvidas.
Mas a noite declina, e branda aragem
Começa a refrescar. Do céu os lumes
Perdem a nitidez desfalecendo.
Assim já frouxo o Pensamento do índio,
Entre a vigília e o sono vagueando,
Pouco a pouco se olvida, e dorme, sonha,
[...]
(MAGALHÃES, s/d).

  • Gonçalves Dias (1823-1864)

Foi considerado o primeiro poeta romântico brasileiro autêntico, sendo muito influenciado ainda pelo saudosismo e pela poesia portuguesa, por abordar o tema do amor, da natureza e de Deus. Ele iniciou o que ficou conhecida como a “primeira geração romântica”, a nacionalista ou indianista. Em seus poemas, o “mito do bom selvagem”, já presente entre os árcades, adquiriu contornos de matéria poética.

O poema Canção do exílio (1843), de sua autoria, passou a ser considerado o poema que expressa a máxima dos ideais do nacionalismo e indianismo na poesia da primeira geração romântica, tornando-se a próxima representação desse nacionalismo:

Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,  
Onde canta o Sabiá;              
As aves, que aqui gorjeiam,  
Não gorjeiam como lá.          
Nosso céu tem mais estrelas,        
Nossas várzeas têm mais flores,    
Nossos bosques têm mais vida,    
Nossa vida mais amores.      
Em  cismar, sozinho, à noite,        
Mais prazer encontro eu lá;            
Minha terra tem palmeiras,            
Onde canta o Sabiá.      
Minha terra tem primores,            
Que tais não encontro eu cá;          
Em cismar –sozinho, à noite–        
Mais prazer encontro eu lá;            
Minha terra tem palmeiras,            
Onde canta o Sabiá.             
Não permita Deus que eu morra,  
Sem que eu volte para lá;              
Sem que desfrute os primores        
Que não encontro por cá;                
Sem qu'inda aviste as palmeiras,    
Onde canta o Sabiá.                        
Coimbra - junho/ 1843
(DIAS apud BARBOSA, 1999, pp. 66-67).

Nesse poema é possível identificar a presença de vários componentes da linguagem literária romântica como:

  • O nacionalismo e a exaltação da natureza, quando o eu lírico remete a elementos naturais específicos do Brasil da época, como “palmeiras”, intensidade dos bosques, das flores, os sabiás nativos e as variedades encontradas em solo brasileiro, toda a construção desse cenário “único”, colabora para a composição de uma visão idealizada da Pátria;
Figura 3.1 - Representação do nacionalismo na primeira geração romântica brasileira
Fonte: Wikimedia Commons.
  • O sentimentalismo e o subjetivismo, com o uso de pronomes pessoais “minha”, “meus” “nossos”, por exemplo, e com a intensidade “tem mais cores/ tem mais vida/ mais amores”. Essas escolhas reforçam a marca de subjetividade e individualidade;
  • O Saudosismo: esse poema foi composto por Gonçalves Dias em Coimbra (centro da cultura portuguesa da época) e marca o saudosismo no jogo sonoro e de sentido, com os monossílabos “cá” e “lá”, acrescentados com a figura do “sabiá” e seu canto nativo. Esse recurso “cria uma sonoridade muito brasileira, nunca antes vista em nossa poesia colonial ou na portuguesa” (CEREJA; MAGALHÃES, 1995, p. 8).
  • A religiosidade é identificada na evocação e na prece do eu lírico a Deus, na última estrofe, e também sintetiza todos os elementos anteriores, o saudosismo, o subjetivismo e o nacionalismo.
A poética romântica pode ser considerada simples e singela, mas não é por acaso, pois já que a palavra de ordem era liberdade, o poeta romântico não estava preso às formas fixas e clássicas outrora vigentes. É na simplicidade e melancolia- sentimento muito comum em obras românticas – que a Canção do Exílio (1843), de Gonçalves Dias, que a escreveu quando estava exilado na África, torna-se um símbolo do romantismo no Brasil, pois tal poema e estrutura simples e fácil compreensão. Tamanha importância dessa obra reflete-se no fato de que alguns nos seus versos depois foram incorporados ao nosso hino Nacional (FERREIRA, 2012, p. 5).

  • Araújo Porto Alegre (1806-1879)

Poeta com ampla produção artística, na primeira geração romântica, com poemas com fortes características nacionalistas, também produziu caricaturas, desenhos satíricos e telas sobre o Brasil da época. Dentre sua produção literária, destacam-se o livro de poemas Brasilianas (1863), o poema épico Colombo (1866) e a peça Angélica e Firmino (1845).

Byronismo (ou Ultrarromantismo)

A segunda geração romântica, conhecida também como ultrarromantismo, geração do “mal do século” ou “egótico”, segundo Bosi (2012), recebeu influências das manifestações góticas da literatura norte-americana. As produções poéticas desse período se caracterizaram pelo extremo subjetivismo, que inclusive parecia dissolver as hierarquias (Pátria, Igreja, Tradição) em estados de alma individuais.

Figura 3.2 - Lord Byron, como a principal referência da segunda geração romântica no Brasil
Fonte: Wikipedia.

Também cultivaram uma temática emotiva de amor e morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio, devaneio, erotismo obsessivo, melancolia, depressão, e valorizaram os excessos e hábitos boêmios. Dentre os escritores desse período se destacaram:

  • Álvares de Azevedo (1831-1852)

Suas obras Lira dos vinte anos e Noite na Taverna são a maior expressão da evasão para o sonho, do extremo subjetivismo e do retrato de um mundo decadente e com muitos vícios. A melancolia, o tédio, o pessimismo e a morte são temas presentes em suas produções. Compostas por um léxico com vários grupos nominais próprios (por exemplo, desespero pálido), suas obras fogem da rotina e se concentram nos aspectos mórbidos da existência. Também apresentam imagens satânicas herdadas, principalmente, do poeta inglês Lord Byron, que remetem a domínios obscuros do inconsciente.

SAIBA MAIS

Lord Byron

George Gordon Byron (1788 - 1824) foi um poeta romântico inglês que influenciou toda uma geração de escritores com sua poesia ultrarromântica. A ele estão associados termos como o spleen, que significa tédio, mau humor e melancolia, geralmente causados por amores não correspondidos ou pela descrença na vida em razão da aproximação da morte, temáticas comuns na poesia ultrarromântica.

De família aristocrática (porém, com dívidas), passava a vida a escrever poesia e a gastar dinheiro, vivendo no ócio. Suas principais obras são Horas de Lazer (1870), A Peregrinação de Childe Harrold (1812-1818) e Don Juan (1819-1824). Saiba mais sobre esse referencial tão importante da segunda geração romântica brasileira no site a seguir.

<http://www.soliteratura.com.br/romantismo/romantismo05.php>.

Fonte: Lord Byron (on-line).

Lira dos Vinte anos é uma obra poética dividida pelo poeta em duas partes e teve, posteriormente, a terceira parte acrescentada. A primeira parte é composta por poemas em que se identifica o sentimentalismo, o idealismo sonhador, o tema do amor platônico, da morte, das ideias vagas e abstratas, do devaneio e da tristeza. Já, a segunda parte apresenta um maior enfoque na ironia e no sarcasmo. O poeta continua a tratar dos temas do amor e da morte pelas representações sombrias, mas acrescenta o diálogo com objetos ou situações do cotidiano. A passagem da primeira para a segunda parte é marcada por um prefácio. Vejamos um trecho:

PREFÁCIO
Cuidado, leitor, ao voltar esta página!
Aqui dissipa-se o mundo visionário e platônico. Vamos entrar num mundo novo, terra fantástica, verdadeira ilha Baratária de D. Quixote, onde Sancho é rei e vivem Panúrgio, sir John Falstaff, Bardolph, Fígaro e o Sganarello de D. João Tenório: — a pátria dos sonhos de Cervantes e Shakespeare.
Quase que depois de Ariel esbarramos em Caliban.
A razão é simples. É que a unidade deste livro funda-se numa binomia: — duas almas que moram nas cavernas de um cérebro pouco mais ou menos de poeta escreveram este livro, verdadeira medalha de duas faces (AZEVEDO, 1999, p. 119).

A terceira parte, que foi acrescentada posteriormente, é considerada pelos críticos como sendo uma continuação da maneira de se desenvolver os temas na primeira parte. Vejamos como os elementos do byronismo, ou ultrarromantismo, encontram-se claramente presentes no soneto a seguir, retirado da primeira parte de Lira dos Vinte anos:

SONETO
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das água embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti — as noites eu velei chorando,
Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!
(AZEVEDO, 1999, p. 66).

A imagem da mulher, como sendo o próprio amor idealizado e distante, a mulher pálida, virgem e metaforizada na figura do “anjo” é a típica caracterização feminina da segunda geração romântica. O uso frequente da comparação e da metáfora com palavras, que remetem para a penumbra, para um leito que nos deixa em dúvida se a mulher apresentada está realmente dormindo ou se acaba por falecer, nos coloca no estado de “entre” a vida e a morte, da oscilação e do entrelaçar entre esses dois pontos. Assim, é possível perceber o tema da morte, do pessimismo, da angústia, do sentimentalismo, da mulher idealizada e do subjetivismo, por exemplo, por meio da escolha de palavras que, tanto pelo sentido, quanto pela sonoridade e metrificação do poema, indicam a própria melodia fúnebre e o sentimento de tristeza do eu lírico.

  • Casimiro de Abreu (1839-1860)

Também pertencente à segunda geração da poesia romântica, Casimiro de Abreu apresenta poemas temáticos que remetem a saudade da infância, amor à natureza, religião sentimental, buscando também um “modo de conhecer a realidade na linguagem e pela linguagem” (BOSI, 2012, p.122). Apesar de pertencer à geração de Álvares de Azevedo, suas produções não apresentam o mesmo teor angustiante, mórbido e, às vezes, satânico do escritor de Lira dos Vinte anos. Porém, o uso da linguagem simples, com ritmo fácil com rima repetitiva, além de uma temática voltada para os sentimentos saudosistas, sobre a Pátria e a infância, contribuiu bastante para desenvolvimento da poesia romântica desse período.

Sua produção está reunida em As primaveras (1859), em que consta seu poema mais conhecido e parodiado pelos poetas de períodos posteriores. De acordo com Candido (2002, p. 60),

O lirismo açucarado de toque sentimental, dissolvendo a natureza na emoção e a emoção na confissão, foi um dos traços que mais atraíram o leitor do tempo. Ele predomina de maneira alarmante na produção média, em dezenas e dezenas de poetas, dos quais pode ser considerado paradigma Casimiro José Marques de Abreu (183960), cujo livro Primaveras (1859) se tornou um dos mais populares quase até hoje. A sua versificação correta e fácil, a ternura algo mórbida do tom e a capacidade de despertar uma piedosa simpatia tiveram eco no gosto médio; e só a crítica dos nossos dias, com Mário de Andrade, discerniu o que havia nele, por baixo dos traços mencionados, de erotismo quase agressivo, disfarçado pelo aspecto convencional do texto. Talvez por isso Casimiro de Abreu tenha atraído tanto as moças, que encontravam na sua obra a força do sexo sem ofensa às convenções.

Acompanhe todas essas características no poema a seguir:

Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
_ Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;
O mar é -- lago sereno,
O céu -- um manto azulado,
O mundo -- um sonho dourado,
A vida -- um hino d’ amor!
[...]
Fonte: Abreu (apud BARBOSA, 1999, p. 114).
  • Junqueira Freire (1832-1855)

O sentimento de angústia, sofrimento e pessimismo, que marcou a poesia ultrarromântica, encontra-se presente em Junqueira Freire, por meio da tensão mostrada entre vida espiritual, material, religiosa e morte, usando como próprio material poético a vida religiosa (foi monge beneditino, sacerdote e poeta). Destaca-se a obra Inspirações do claustro (1855).

  • Fagundes Varela (1841-1875)

A poesia de Fagundes Varela é variada e apresenta elementos que vão, desde a exaltação da natureza e da Pátria, do sentimento religioso, até o mal do século e desejo pela abolição dos escravos. A perda de dois filhos bebês é apontada por alguns críticos como uma marca considerável na escrita de um de seus poemas de maior destaque, Cântico do Calvário (1883) e do início da vida boêmia, noturna e com vícios do poeta.

SAIBA MAIS

O Romantismo em “Crepúsculo”

Querido(a) aluno(a), estudar o Romantismo pode parecer dedicar-se a algo bem distante da nossa atualidade, algo que ficou em nosso passado literário. Mas será mesmo? Há alguns anos ficamos sabendo do sucesso da série Crepúsculo e dos seus personagens vampiros entre os adolescentes e jovens. Mas, você sabia que essa série de tanto sucesso nas livrarias, na televisão e na internet se baseou nos princípios do Romantismo?

Vários elementos, desde os cenários, os comportamentos e os personagens se aproximam muito com o Romantismo inspirado por Lord Byron.

Confira a leitura da matéria publicada pela Revista Literatura (Edição 41/2012): Saga Crepúsculo, Vampiros Modernos e Romantismo Clássico, por Janaina M. Cerutti.

<https://www.webartigos.com/artigos/vampiros-modernos-e-romantismo-classico-a-receita-da-saga-crepusculo/41430>.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Condoreirismo

A terceira geração da poesia romântica surgiu em um contexto de crise rural, do lento crescimento da cultura urbana, da repulsa pela moral nas relações entre senhor e servo do Brasil Império. Seus escritores foram influenciados pela obra sociopolítica do escritor francês Victor Hugo. O condor, ave nativa da Cordilheira dos Andes, deu nome a essa geração e está diretamente ligado à ideia de liberdade, que se pretendia conseguir em relação aos escravos. A principal marca que caracteriza a poesia condoreira é a crítica à escravidão dos negros, a denúncia das condições de vida e o direito pela libertação desses povos. Destaca-se nesse período a poesia social e a luta pela igualdade, justiça e fraternidade. Vejamos alguns de seus principais nomes.

  • Castro Alves (1847-1871)

O poeta Castro Alves torna-se o principal representante dessa terceira geração, por meio de uma poesia que defende os direitos de libertação dos escravos. Também critica em seus versos a realidade de uma nação que, em suas palavras, sobrevive à custa do sangue do negro escravizado, conforme escreve em Navio Negreiro.

A poesia romântica de Castro Alves se diferencia da poesia da primeira e segunda geração, por não se centralizar no individualismo dos próprios sentimentos. Ao contrário, sua poesia se preocupa com os problemas sociais de sua época e até questiona os ideais nacionalistas, já que, de nada adiantaria o louvor a um país que se baseia na exploração de índios e negros. O tema da vida é tratado em suas poesias com exaltação e paixão, ou seja, de maneira bem diferente dos ultrarromânticos. Suas principais produções podem ser agrupadas em:

  • Poesia lírico-amorosa: trata do tema da mulher amada como uma figura real e sensualizada. É forte o tema da oscilação entre vida e morte, o amor espiritual e carnal, o sentimentalismo, os temas da esperança e do desespero, por exemplo, em Espumas Flutuantes (1870), conjunto de 53 poemas:
Boa-Noite
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito
— Mar de amor onde vagam meus desejos.
[...]
( ALVES apud CEREJA; MAGALHÃES, 1995, p. 82).
  • Poesia social: suas poesias denunciam as desigualdades sociais, a escravidão e a maneira precária com que os negros eram transportados para o Brasil. O poeta evoca a natureza e às divindades para que vissem a injustiça com os negros e interviessem para que a viagem rumo ao Brasil fosse interrompida. Por causa desses temas e da solidariedade com as condições desumanas, Castro Alves ficou conhecido como “o poeta dos escravos”. Dentre as principais obras dessa temática estão: Vozes d’ África: Navio Negreiro (1869), poema épico, A Cachoeira de Paulo Afonso (1876) e Os Escravos (1883). Observemos um trecho de Navio Negreiro:
Existe um povo que a bandeira empresta
Pra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio!...  Musa! chora, chora tanto,
Que o pavilhão se lave no teu pranto ...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra,
E as promessas divinas da esperança...
Tu, que da liberdade após a guerra
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Abaixo, veremos a pintura de um navio negreiro, em que, consonante ao poema de Castro Alves, conseguimos ter a impressão de todo o sofrimento da escravidão sofrida pelos escravos.

Figura 3.3 - O Navio Negreiro ilustrando a terceira geração romântica no Brasil
Fonte: Wikimedia Commons.

SOUSÂNDRADE (1823-1892)

O poeta Sousândrade produziu uma obra extensa que foi, na maioria das vezes, resultado de suas viagens e do contato com a realidade de outros países. Destaca-se entre os poetas românticos brasileiros pela originalidade, pelo uso de palavras em inglês, neologismos, palavras indígenas e sonoridade dos poemas. Suas produções ficaram esquecidas por muitos anos e foram estudadas com maior atenção na década de 1960 pela crítica literária de Haroldo e Augusto de Campos.

O poema mais famoso de Sousândrade é Guesa Errante (escrito entre 1858 e 1888), inspirado em uma lenda dos Andes, em que há a consolidação do capitalismo como sendo uma doença, denunciando a exploração dos índios pelos povos europeus.

Prosa: O Romance no Romantismo Brasileiro

Conforme comentamos no início desta unidade, o romance foi o gênero de destaque do movimento romântico em toda a Europa e América. Isso aconteceu também pela maior divulgação do livro impresso e por se tratar de um gênero literário, que representava a nova classe social em ascensão, a burguesia. Não foi diferente no Brasil. Apesar da forte presença da poesia romântica em nossas terras, inclusive se apresentando a partir de três gerações, com características próprias, o romance obteve bastante espaço nesse período. Isso aconteceu por causa da influência do romance europeu e com o surgimento dos jornais e os folhetins, que publicavam, semanalmente, os capítulos que formavam as histórias dos romances. Para manter um público fiel, os folhetins usavam técnicas de escrita, como terminar a história no ponto alto da intriga e, de preferência, com suspense. Assim, os leitores voltariam a adquirir os próximos números.

Caro(a) aluno(a), você sabia que as novelas televisivas atuais se basearam nessas técnicas dos folhetins? Eles terminam seus capítulos, para serem impressos, nos momentos de ápice dos conflitos. Dessa forma, elas despertam a curiosidade do telespectador e garantem, de certa forma, a audiência do próximo capítulo no dia seguinte.

A Moreninha (1844), de Joaquim Manoel de Macedo, foi considerado o primeiro romance brasileiro por definir algumas das linhas do romance no Brasil, como o desenvolvimento do enredo, a temática, a estruturação e pela aceitação do público. Dessa forma, as primeiras manifestações do romance no Brasil apresentavam descrição dos hábitos da classe dominante do Rio de Janeiro, que passava por um período de urbanização, aspectos da vida no campo e também, os “selvagens” heróis nacionais, ou seja, os índios.

Além dos elementos que caracterizam a linguagem literária romântica, seja na poesia, na prosa ou no teatro, nosso romance apresentou alguns componentes de destaque, que colaboraram para sua maior aceitação entre o público leitor. Dentre os elementos de destaque estão:

  • Êxito na construção de personagens planas. Na maioria das vezes, apresenta, prioritariamente, o lado emocional e não as reflexões existenciais. Algumas dessas personagens se tornaram símbolos do Romantismo no Brasil, como Inocência, Iracema e Peri, por exemplo. Eles representam a pureza e a coragem dos nativos;
  • Flashback narrativo. Apresenta a volta do narrador ao passado para explicar algumas atitudes dos personagens no presente;
  • Idealização da mulher. As personagens femininas dos romances são, na maioria das vezes, mulheres frágeis, sem opinião própria, obedientes e educadas para a espera do casamento;
  • Amor quase impossível. Normalmente, os enredos são marcados por conflitos sociais que impedem a realização amorosa dos amantes. Então, o amor se torna a única forma de redenção do herói ou vilão, com final feliz ou trágico;
  • Idealização do herói. O herói romântico é o personagem que agrega uma série de qualidades “ideais”: é decidido, honrado, corajoso, inteligente, ágil, sedutor, representante do bem contra o mal, coloca a própria vida em risco para defender a justiça ou seu amor;
  • Linguagem metafórica. Os romances românticos apresentam uma linguagem repleta de comparações, metáforas e bastante uso de adjetivos, por exemplo, para melhor idealizar a construção do ambiente e das personagens.

Assim como a poesia e toda a literatura produzida no Romantismo brasileiro, o romance esteve diretamente ligado aos ideais de busca de uma identidade nacional, cultural e literária, com a qual todos os cidadãos pudessem se reconhecer representados. Então, os romancistas procuraram cumprir esse papel ou esse “legado”, já que produziam uma arte que se encontrava com o gosto dos leitores da época.

Outro aspecto importante do nosso romance romântico foi o verdadeiro reconhecimento dos vários espaços nacionais que se caracterizavam, principalmente, como sendo a floresta, o campo e a cidade. Esses três espaços, com realidades nacionais distintas, definiram as três linhas (ou os três tipos) do romance no Romantismo brasileiro, o romance indianista, o regional e o urbano. Observemos os principais elementos que caracterizaram esses romances e as respectivas obras e escritores representantes:

Romance Indianista

Após a independência política, havia a necessidade de se indicar heróis nacionais e os escritores indianistas viram na figura do índio o personagem ideal para esse herói, já que foi quem defendeu o território brasileiro dos colonizadores, expressando muito amor pelo país. Sendo assim, os principais elementos que constituem os romances indianistas carregam para a prosa as características já lançadas pelos poetas da primeira geração romântica, por exemplo:

  • Nacionalismo;
  • Idealização do índio como sendo o herói nacional. Para os escritores românticos, eram os índios os verdadeiros representantes da raça brasileira, porque os brancos eram os colonizadores e os negros vieram de outro continente.
  • O índio visto como “bom selvagem” (Rousseau): o índio, homem primitivo e selvagem, foi considerado o modelo de ser humano;
  • Exaltação da natureza;
  • Resgate de lendas folclóricas nacionais;
  • Tratamento de temas históricos, normalmente anteriores ou próximas ao descobrimento;
  • Enredos que mostram o contato do índio com o colonizador.

Todos esses aspectos foram desenvolvidos juntamente com as características já elencadas da linguagem da prosa romântica, acrescidos da intenção de criar no leitor o sentimento de nacionalidade a partir dos enredos que tivesses os heróis nacionais como representações de honra. Dentre as obras que mais caracterizaram o romance indianista estão: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874), de José de Alencar.

Figura 3.4 - Iracema, personagem indianista de José de Alencar
Fonte: Wikimedia Commons.

O espaço retratado nesses romances é o da selva, da floresta nativa brasileira. Perceba como a personagem é retratada e como se dá sua ambientação em volta.

SAIBA MAIS

O Guarani

Assista ao filme O Guarani (1996), com direção de Norma Bengel, para visualizar essa máxima dos romances indianistas brasileiros.

<http://www.youtube.com/watch?v=H_t79RdEt8Y>.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Romance Regionalista

O romance regional procurou compreender e apresentar o Brasil a partir de suas variadas regiões, das diferenças sociais, linguísticas, étnicas e culturais. Como se concentrou nas regiões brasileiras, não havia modelos desse romance no Romantismo europeu para serem seguidos, ou seja, o romance regionalista construiu seus próprios rumos, exigiu maior pesquisa local dos escritores da época sobre a realidade de cada região. Assim, nossa literatura adquiriu maior autonomia em relação às culturas europeias.

Não é possível falar de aspectos ou características desse romance regional, sem considerar as particularidades de cada um dos espaços nacionais que são retratados. Esses espaços que foram se formando a partir da miscigenação entre o índio, o português e o negro e, depois, também, com todos os imigrantes europeus e orientais que vieram para o Brasil.

Quatro de nossas regiões despertaram maior interesse dos respectivos escritores românticos e suas principais obras, observe o quadro a seguir.

Região Sudeste Focaram principalmente as capitais (na maioria das vezes localizadas no litoral). Como já apresentavam um maior crescimento e desenvolvimento das cidades, as capitais e, em especial, o Rio de Janeiro, capital do Brasil na época, foi o palco ficcional dos romances urbanos (que serão apresentados posteriormente);
Região Sul As obras que tiveram como tema a região Sul do país focaram em compor um panorama sociocultural, linguístico, geográfico e histórico do Rio Grande do Sul, com a finalidade de destacar os valores dessa cultura que se formava, principalmente, a partir dos imigrantes europeus (alemães, espanhóis e portugueses açorianos). O gaúcho (1870), de José de Alencar, é considerada a obra romântica que melhor tratou do Sul do país, apesar da crítica e do próprio escritor Franklin Távora apontar falhas sobre os costumes desse povo, relacionadas ao fato do escritor não conhecer a região pessoalmente;
Região Nordeste Dentro da proposta de apresentar, literariamente, as regiões do Brasil, os escritores que escreveram seus romances, sobre a região Nordeste, basearam-se nos costumes típicos da região, na poesia popular de cordel, no passado histórico e, principalmente, nos problemas próprios dessa região como a seca, a miséria, o cangaço e também as migrações, temas muito explorados pelos ficcionistas da segunda fase do Modernismo, por exemplo. Dentre os romances românticos desse período destacam-se: O Cabeleira (1876), de Franklin Távora e O Sertanejo (1875), de José de Alencar.
Região Centro-Oeste A paisagem da região do Mato Grosso, sua fauna e sua flora, juntamente com as particularidades culturais dessa região, foram retratados principalmente no romance Inocência (1872), de Visconde de Taunay. Obra que obteve grande equilíbrio em vários aspectos da linguagem, “como a tensão entre ficção e realidade, entre valores românticos e valores da realidade bruta do sertão, entre linguagem culta e regional” (CEREJA; MAGALHÃES, 1995, p.145).
 

Quadro 3.2 - O Romance Regionalista nas regiões do Brasil
Fonte: Elaborado pelas autoras.

A seguir veremos a capa de um dos livros regionalistas de maior representatividade, Inocência, de Visconde de Taunay.

Figura 3.5 - Capa do livro Inocência, de Visconde de Taunay
Fonte: Wikimedia Commons.

Postas as características e peculiaridades do romance regionalista, conheceremos as particularidades do romance urbano, um outro tipo de romance dentro do Movimento Romântico Brasileiro.

Romance Urbano

Enquanto o romance indianista centralizou-se na idealização do herói nacional na figura do índio nas selvas brasileiras, o romance regionalista procurou retratar as diferenças culturais entre as regiões brasileiras, e o romance urbano focalizou-se na caracterização ficcional da burguesia, classe social em crescimento nas cidades maiores.

O romance urbano se preocupou em tratar da vida cotidiana e da realidade desses homens, que passavam a conviver com o desenvolvimento urbano e com a realidade das cidades, em especial das capitais São Paulo e Rio de Janeiro. A crítica, tanto social quanto política, está claramente presente nesses romances.

Os escritores passaram a apresentar, em suas obras, o dia a dia e os problemas vividos pelos próprios leitores da época. Por isso, tornou-se, tanto no Brasil quanto na Europa, o tipo de romance mais lido, desde o Romantismo.

Figura 3.6 - Ambientação do Romance Urbano
Fonte: Wikimedia Commons.

Dentre os principais elementos que compõem os romances urbanos estão:

  • Idealização do “amor verdadeiro”;
  • Enredo com “final feliz” ou ideal;
  • Ambiente doméstico;
  • Personagens femininas como protagonistas da história;
  • Casamentos e arranjos matrimoniais;
  • As relações familiares e seus conflitos;
  • Sociedade elegante que segue os modelos europeus;
  • Assuntos financeiros como heranças, falências e dotes, por exemplo.

O Romantismo brasileiro teve vários escritores e obras que se destacaram no romance urbano. Dentre eles, estão: Senhora (1875) e Lucíola (1862), de José de Alencar. Para Bosi (2012), a ficção romântica brasileira foi, aos poucos, deslocando o eixo geográfico de suas produções, oscilando entre a corte, a província e o sertão, e isso teria resultado no aprimoramento da técnica ficcional. Esse “deslocamento” colaborou para trazer todos os setores e todas as diversidades presentes no Brasil para o interior do romance.

Principais Romancistas

A partir de suas características iniciais podemos traçar uma listagem dos principais autores do romance urbano no Romantismo Brasileiro, não de forma seletiva, mas apenas para representar dentro do movimento os que mais se destacaram.

  • José de Alencar (1829-1877)

O escritor José de Alencar é considerado o maior romancista do Romantismo brasileiro, pois escreveu obras ligadas aos três tipos de romances mencionados, conforme pudemos perceber nos exemplos, além de compor romances históricos. Nesses romances, Alencar propõe uma nova interpretação dos fatos históricos brasileiros, principalmente da época da colonização, como as lutas pela expansão territorial, os ciclos do ouro ou guerras nacionais, por exemplo. Destacaram-se As Minas de Prata (1865) e Guerra dos Mascates (1873).

Na literatura de ficção de José de Alencar, há uma obra que, se não é a mais importante, pode ser considerada fundamental, nessas condições, para o real entendimento de outras de mesmo teor: As minas de prata. Tudo aí é grandioso. Pode-se mesmo dizer que há, em As minas de prata, como que o melhor da ficção alencarina. Sua composição é apoiada por estrutura narrativa coesa; a trama, habilmente conduzida, ordena-se criando uma ambiência vária e riquíssima. É o que explica o fato de as cenas, em dado momento, permutarem-se, sem lhes avultar o menor sinal de insuficiência semântica. O estilo é largo e primoroso, e o claro domínio sobre o desenvolvimento da narrativa impede que a trama avance ou recue em demasia por conta de suas voltas e reviravoltas (o que comprometeria o ir e vir das cenas). Daí ser As minas de prata livro de grande engenho, já que revela uma coerência estética profunda. Constitui mesmo referência fundamental para a história da literatura romanesca (PELOGGIO, 2004, p. 8).

Bosi (2012) afirma que José de Alencar foi a grande expressão da prosa romântica brasileira com a publicação de obras que permearam vários estilos, cidade e campo, litoral e sertão. Para ele, suas obras serviram como uma espécie de “suma romanesca do Brasil” (BOSI, 2012, p. 44). E, posteriormente, afirma que “o Brasil ideal de Alencar seria uma espécie de cenário selvagem onde, expulsos os portugueses, reinariam capitães altivos [...] cutelos rodeados de sertanejos e peões, livres sim, mas fiéis até a morte” (BOSI, 2012, p.146).

Os seus romances se ordenam desde a narrativa banal sobre donzelas virtuosas casando com rapazes puros, até certas histórias de força realista, nas quais não apenas traça com o devido senso da complexidade humana o comportamento e o modo de ser de homens, e sobretudo mulheres, mas revela por meio deles certos abismos do ser e da sociedade. É o caso de Lucíola (1862), sobre o tema da prostituição, vista como máscara que recobre a retidão fundamental da protagonista. Esta afoga o sentimento de culpa na sensualidade violenta, da qual se despoja ao toque do amor que vai redimi-la, mas não salvar, pois Alencar, apesar de tudo obediente às convenções, termina o livro pela morte expiatória. Mesmo assim, foi inovador no modo franco de tratar o sexo, bem como na escrita [...] Igualmente apreciável é Senhora  (1875), denúncia do casamento por interesse pecuniário, no qual desenvolve uma das suas preocupações constantes: o papel do dinheiro na classificação e avaliação das pessoas, bem como no próprio teor das relações burguesas (CANDIDO, 2002, pp. 64-65).

Você pôde perceber que a produção de José de Alencar foi bem ampla. Então, elencamos suas principais obras e tipos de romance a seguir, em um quadro demonstrativo:

  JOSÉ DE ALENCAR  
TIPOS DE ROMANCES OBRAS ANO
INDIANISTA   O Guarani Iracema Ubirajara   1857 1865 1874
REGIONALISTA O gaúcho O Sertanejo Til   1870 1875 1872  
URBANO   Senhora Lucíola     1875 1862  
HISTÓRICO   As Minas de Prata Guerra dos Mascates   1865 1873
 

Quadro 3.3 - A principal produção de José de Alencar
Fonte: Elaborado pelas autoras.

  • Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)

Conforme já mencionamos na introdução da prosa romântica no Brasil, a obra A Moreninha (1844), de Joaquim Manuel de Macedo, foi considerada o primeiro romance brasileiro. Também é de Macedo a obra A luneta mágica (1869), título que apresenta o efeito novelesco, sentimental e cômico.

  • Bernardo Guimarães (1827-1884)

Bernardo Guimarães apresenta a idealização romântica a partir de elementos provenientes da narrativa oral, como os “causos” e estórias do estado de Minas Gerais e Goiás, por exemplo. Dentre suas publicações, destacam-se: O Seminarista (1872) e A Escrava Isaura (1875).

  • Alfredo Taunay (Visconde de Taunay – 1842-1899)

Conforme exemplificamos, acerca do romance regionalista do Centro-Oeste brasileiro, Taunay conseguiu apresentar o ambiente regional por meio das relações entre paisagem, meio e costumes sertanejos com a obra Inocência.

  • Franklin Távora (1842-1888)

Juntamente com José de Alencar, Franklin Távora foi um dos escritores que mais retratou na prosa romântica a realidade nordestina e a vida do cangaceiro. Sua obra de maior destaque foi O Cabeleira.

  • Manuel Antônio de Almeida (1830-1861)

Manuel Antônio de Almeida é considerado pela crítica como sendo um escritor de transição entre o Romantismo e o Realismo. Sua obra Memórias de um Sargento de Milícias (1852-1853) é um romance inovador para a época. Apesar de apresentar muitos traços românticos, como o final feliz e o tom irônico do narrador, o livro se apresenta como sendo um romance urbano. Porém, não trata dos hábitos dos burgueses de classe média, mas escolhe o povo e sua linguagem simples. Outro ponto de destaque na obra é o fato de seu personagem protagonista, Leonardo, não se aproxima do herói romântico. Pelo contrário, é um menino travesso que se transforma em um jovem voltado para a malandragem, em vez de se preocupar em trabalhar. Então, Manuel Antônio de Almeida introduziu na literatura brasileira o personagem “pícaro”, que se afasta do herói idealizado romântico. Mas, o que é o pícaro?

O gênero picaresco, na literatura, é caracterizado pela narrativa de um pícaro, sinônimo para malandro. O personagem é, geralmente, um garoto inocente e puro que é corrompido e desiludido à medida que cresce e toma contato com a realidade do mundo adulto. Nas suas origens espanholas e medievais, o personagem sempre termina desiludido e adaptado às condições de um mundo na miséria ou em um casamento que não lhe proporciona nenhum tipo de prazer. No entanto, no romance brasileiro o "pícaro" Leonardinho difere um pouco do espanhol por não ser um personagem tão inocente e por terminar feliz em sua vida adulta e em seu casamento (AUTORES…, s/d, on-line).

SAIBA MAIS

Os Romances do Romantismo Brasileiro

Dentre os variados exemplares das obras do movimento literário do romantismo no Brasil, o site a seguir reúne muitas dessas grandes obras, as quais você pode ler na íntegra, como A moreninha, de José Manuel de Macedo, As primaveras, de Casimiro de Abreu, Espumas flutuantes e O Navio Negreiro, de Castro Alves, Iracema, Lucíola, Senhora, de José de Alencar, dentre outros. Saiba mais acessando o link a seguir.

<http://docente.ifrn.edu.br/paulomartins/livros-classicos-de-literatura/memorias-sentimentais-de-joao-miramar-oswald-de-andrade/view>.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

O Teatro no Romantismo

O Teatro no período romântico seguia o modelo europeu, ou seja, não havia, nesse período, discussões sobre uma dramaturgia brasileira. Era direcionado para a elite brasileira das capitais. Grandes escritores do nosso romantismo escreveram peças, como Gonçalves Dias e José de Alencar, por exemplo, no modelo europeu, mas foi somente com Martins Pena (1815-1848) que as peças passaram a tratar de problemas da realidade brasileira. Suas obras retratam situações cômicas da realidade nacional, por meio da crítica e sátira social, ou seja, classificam-se como sendo comédias de “costumes”. Volta-se para o público popular da sociedade.

Criou personagens típicos e situações próprias, tanto do ambiente urbano quanto do rural, porque os costumes retratados centravam-se nos personagens e não na configuração do espaço. Dentre seus personagens típicos estão: a mulher, o malandro e o estrangeiro. No entanto, quando sua crítica cômica se volta para o ambiente, retrata a classe média carioca do século XIX, seus casos amorosos “ilegítimos” e a busca pela ascensão social. Dentre suas peças mais conhecidas estão: O juiz de paz na roça (1842) e O Noviço (1845). Assim, podemos afirmar que “de tudo se conclui que no primeiro quartel do século XIX esboçaram-se no Brasil condições para definir tanto o público quanto o papel social do escritor em conexão estreita com o nacionalismo” (CANDIDO, 2006, p. 88).

Espero que todos esses conhecimentos sobre a literatura romântica brasileira possam ter contribuído ainda mais para sua formação, e que instigue sempre a pesquisa por tais temáticas aqui apresentadas.

REFLITA

Brasil e Literatura

“Cada povo tem sua literatura, como cada homem o seu caráter, cada árvore o seu fruto”.

Fonte: Magalhães (apud FRANCHETTI, 2006, p. 113).

Considerações Finais

Ao final desta unidade, pudemos ter contato com as várias formas de manifestação literária do Romantismo no Brasil e perceber de quantas formas variadas pode se expressar a mesma intenção.

No caso desse período literário, pudemos observar o compromisso de nossos poetas das três gerações da poesia, a nacionalista, a ultrarromântica e a condoreira. Também o empenho de nossos romancistas na construção de uma identidade nacional e cultural, que passasse pelos aspectos indianistas, regionalistas e urbanos da prosa romântica, inicialmente publicada em folhetins semanais. Por último, o teatro e a presença de Martins Pena, com a comédia de costumes.

Querido(a) aluno(a), espero que tenha gostado desta unidade e que tenha apreciado as produções literárias do período romântico, que você seja capaz de ver nelas, não somente poemas ou obras que fazem parte de nossa História Literária, mas sim a literatura viva que foi em seu tempo, lançando as sementes profundas da construção da nossa identidade literária e artística, que vieram a florescer desde logo após a semeadura (no próprio Romantismo), posteriormente, no movimento modernista (com o romance regionalista de Graciliano Ramos, por exemplo), e continua a florescer até nossos dias (como vimos nas relações entre o Ultrarromantismo e os livros da série Crepúsculo).

Indicação de leitura

Livro: O Romantismo no Brasil

Autor: Antonio Candido

Ano: 2013

Editora: Associação Editorial Humanitas

ISBN: 8598292184, 9788598292182

Sinopse: Este resumo do período romântico na literatura brasileira procura destacar o que pode ser qualificado como a sua oportunidade histórica, isto é, o seu ajustamento ao espírito da jovem nação, graças a soluções originais que não romperam, todavia, a ligação orgânica com as literaturas/matrizes da Europa ocidental, das quais a nossa faz parte Resultou uma grande capacidade de comunicação, que permitiu à literatura difundir-se mais do que seria de esperar num país de pouca instrução e equipamento cultural precário Além disso, o resumo procura salientar o que ficou de mais vivo do Romantismo para a mentalidade de hoje, assegurando a sua duração no tempo.

Atividade

O Romantismo representou um verdadeiro rompimento com a expressão cultural e artística do que havia sido produzido, em termos literários, até o momento em que começou a ser difundido na sociedade. Dentre os principais aspectos da linguagem literária no período romântico estão:

sentimentalismo, egocentrismo e subjetivismo, dentre outros.

Correta. Dentre os principais aspectos do período romântico estão o subjetivismo, o egocentrismo e o subjetivismo, que são elementos fundamentais desse movimento. Eles consistem em:

  • Sentimentalismo. O tratamento literário do artista romântico com relação a qualquer assunto (político, social, amoroso, cultural etc.) é sempre por meio da emoção, deixando muito aparente os sentimentos de desilusão, saudade e tristeza nos textos.
  • Egocentrismo. O escritor se volta, em seus textos, na maioria das vezes, para o próprio “eu”.
  • Subjetivismo. Os assuntos são tratados de forma pessoal, conforme o que o escritor sente, ou seja, retrata a realidade de maneira parcial, somente pelo seu ponto de vista que é subjetivo.

objetivismo, espírito de coletividade e religiosidade, dentre outros.

Incorreta. O movimento literário romântico tinha, dentre outros aspectos, a religiosidade, o subjetivismo, a idealização, o medievalismo e o indianismo. Ao contrário do objetivismo e espírito de coletividade, o romantismo possuía um caráter subjetivo e egocêntrico. O sujeito romântico se preocupava em demonstrar seus sentimentos e fazia isso de forma pessoal.

egocentrismo, objetivismo e simplicidade, dentre outros.

Incorreta. O egocentrismo é um dos aspectos mais marcantes do movimento romântico, pois o sujeito se volta, em seus textos, na maioria das vezes, para o próprio “eu”, para seus sentimentos. Junto a isso, temos outros elementos característicos como o sentimentalismo, a religiosidade, a idealização, o medievalismo e o indianismo. O objetivismo e a simplicidade não fazem parte de suas formas, ao contrário, temos o subjetivismo e uma riqueza de linguagem e de ideais no movimento romântico.

racionalização, religiosidade e medievalismo, dentre outros.

Incorreta. No movimento romântico, a religiosidade e o medievalismo são aspectos recorrentes nas produções literárias de tal período, mas a racionalização não pode ser considerada como tal, pois o tratamento literário do artista romântico com relação a qualquer assunto (político, social, amoroso, cultural etc.) é sempre por meio da emoção, deixando muito aparente os sentimentos de desilusão, saudade e tristeza nos textos.

indianismo, medievalismo e racionalização, dentre outros.

Incorreta. O indianismo e o medievalismo são partes fundamentais nas características do movimento romântico, assim como a religiosidade, a idealização, o egocentrismo e o subjetivismo. Ao contrário da racionalização, temos o sentimentalismo, pois o tratamento literário do artista romântico com relação a qualquer assunto (político, social, amoroso, cultural etc.) é sempre por meio da emoção, deixando muito aparente os sentimentos de desilusão, saudade e tristeza nos textos.

Atividade

O movimento romântico pode ser dividido em três grandes gerações, tendo em vista sua produção literária, organização e características. Dessa forma, assinale aquela definição que corresponde ao byronismo.

Teve como referência Vitor Hugo e se fundava nos ideais de justiça e liberdade social.

Incorreta. Essas características são referentes ao Condoreirismo. Sob influência do escritor francês Victor Hugo o condoreirismo foi uma corrente de poesia com caráter político-social, que se firmou também no Brasil. Em nossas terras, lutavam pela república e pelo fim da escravidão, como também pela:

  • Idealização da mulher e do amor;
  • Saudosismo;
  • Preferência por versos com métricas populares;
  • Liberdade formal e irregularidade nas estrofes dos poemas;
  • Sintaxe e vocabulário mais simples;
  • Uso frequente de figuras de linguagem como a metáfora e comparação.

Os autores dessa geração escreviam textos voltados para uma busca da identidade nacional, portanto, os índios eram personagens típicos dessa geração do movimento romântico.

Incorreta. Os poetas que fizeram parte dessa primeira geração da poesia romântica chamada nacionalista e não byronismo apresentaram textos voltados principalmente para as características de uma literatura própria do Brasil, tratando de aspectos que envolviam a cultura e comportamento indígena para, assim, apresentar uma literatura peculiar.

Trata-se de um jeito particular de ver o mundo que se baseia na vida boêmia, frequentemente noturna.

Correta. O byronismo é uma referência a Lord Byron e corresponde a segunda geração romântica, conhecida também como ultrarromantismo, geração do “mal do século” ou “egótico” que recebeu influências das manifestações góticas da literatura norte-americana. As produções poéticas desse período se caracterizaram pelo extremo subjetivismo que inclusive parecia dissolver as hierarquias (Pátria, Igreja, Tradição) em estados de alma individuais. Também cultivaram uma temática emotiva de amor e morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio, devaneio, erotismo obsessivo, melancolia, depressão e valorizaram os excessos e hábitos boêmios.

Foi uma corrente de poesia com caráter político-social que se firmou também no Brasil, com a luta pela república.

Incorreta. Sob influência do escritor francês Victor Hugo e dos ideais de justiça e liberdade social, o condoreirismo e não o byronismo foi uma corrente de poesia com caráter político-social, que se firmou também no Brasil. Em nossas terras, lutavam pela república e pelo fim da escravidão, como também:

  • Idealização da mulher e do amor;
  • Saudosismo;
  • Preferência por versos com métricas populares;
  • Liberdade formal e irregularidade nas estrofes dos poemas;
  • Sintaxe e vocabulário mais simples;
  • Uso frequente de figuras de linguagem como a metáfora e comparação.

A principal marca que caracteriza a poesia byroniana é a crítica à escravidão dos negros, a denúncia das condições de vida e o direito pela libertação desses povos.

Incorreta. A terceira geração da poesia romântica, a condoreira e não a byroniana, surgiu em um contexto de crise rural, do lento crescimento da cultura urbana, da repulsa pela moral nas relações entre senhor e servo do Brasil Império. Seus escritores foram influenciados pela obra sociopolítica do escritor francês Victor Hugo. O condor, ave nativa da Cordilheira dos Andes, deu nome a essa geração e está diretamente ligado à ideia de liberdade que se pretendia conseguir em relação aos escravos. A principal marca que caracteriza a poesia condoreira é a crítica à escravidão dos negros, a denúncia das condições de vida e o direito pela libertação desses povos. Destaca-se nesse período a poesia social e a luta pela igualdade, justiça e fraternidade.

Atividade

Dentre as características das produções românticas, os escritores passaram a apresentar, em suas obras, o dia a dia e os problemas vividos pelos próprios leitores da época. Por isso, tornou-se, tanto no Brasil quanto na Europa, o tipo de romance mais lido, desde o Romantismo. De que tipo de romance estamos falando?

Romance Individualista.

Incorreta. Não há uma denominação de Romance Individualista no Movimento Romântico Brasileiro. Os romances são indianistas, regionalistas ou urbanos nesse movimento, e o que se refere à questão é o romance urbano, com uma caracterização que levava em conta o ambiente doméstico e temas mais cotidianos.

Romance Intercontinental.

Incorreta. Não existe essa denominação no Movimento Romântico Brasileiro. Os romances são divididos em romances indianistas, regionalistas ou urbanos. Nesse contexto, é o romance urbano que trata de temas mais rotineiros, ou mais próximos do dia a dia das pessoas, com uma caracterização doméstica e elementos da vida comum.

Romance Indianista.

Incorreta. Com a intenção de criar no leitor o sentimento de nacionalidade a partir dos enredos que tivesses os heróis nacionais, como representações de honra, como o índio, o romance indianista e não o urbano se firmou com  obras como: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874), de José de Alencar. O espaço retratado nesses romances é o da selva, da floresta nativa brasileira.

Romance Regionalista.

Incorreta. As características, apresentadas no enunciado, referem-se ao romance urbano e não ao romance regional, as quais devemos considerar as particularidades de cada um dos espaços nacionais que são retratados. Esses espaços que foram se formando a partir da miscigenação entre o índio, o português e o negro, e, depois, também, com todos os imigrantes europeus e orientais que vieram para o Brasil. Esse tipo de romance procurou compreender e apresentar o Brasil, a partir de suas variadas regiões, das diferenças sociais, linguísticas, étnicas e culturais. Como se concentrou nas regiões brasileiras, não havia modelos desse romance no Romantismo europeu para serem seguidos, ou seja, o romance regionalista construiu seus próprios rumos, exigiu maior pesquisa local dos escritores da época sobre a realidade de cada região, diferentemente do romance urbano a que refere o enunciado.

Romance urbano.

Correta. Dentre os principais elementos que compõem os romances urbanos estão:

  • Idealização do “amor verdadeiro”;
  • Enredo com “final feliz” ou ideal;
  • Ambiente doméstico;
  • Personagens femininas como protagonistas da história;
  • Casamentos e arranjos matrimoniais;
  • As relações familiares e seus conflitos;
  • Sociedade elegante que segue os modelos europeus;
  • Assuntos financeiros como heranças, falências e dotes, por exemplo.

O romance urbano focalizou-se na caracterização ficcional da burguesia, classe social em crescimento nas cidades maiores e preocupou-se em tratar da vida cotidiana e da realidade desses homens que passavam a conviver com o desenvolvimento urbano e com a realidade das cidades, em especial das capitais São Paulo e Rio de Janeiro. A crítica, tanto social quanto política, está claramente presente nesses romances. Esse tipo de romance teve vários escritores e obras que se destacaram, dentre eles, estão: Senhora (1875) e Lucíola (1862), de José de Alencar.

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